terça-feira, 29 de julho de 2008

Curtição e ansiedade

Foi dada a largada para a ansiedade do último trimestre... apesar de estar relativamente calma e estar curtindo muito a barriga que cresce a cada dia (sei que vou sentir saudades dessa fase), os movimentos dele aqui dentro, os paparicos e as perguntas de estranhos que já não têm mais dúvidas de que trata-se de um bebê e não de quilinhos a mais, cresce também a vontade de saber como será o parto, a carinha dele, os primeiros dias... o quarto dele só está no papel, não tem absolutamente nada pronto!!! Móveis que não chegam, lambri que não é colocado, ar condicionado comprado mas não instalado...ai ai ai... e eu doida pra ver tudo prontinho pra receber meu amorzinho! As roupinhas estão sendo lavadas aos poucos, mas a mala da maternidade fica prontinha no final desta semana...não quero sustos, vai que ele resolve aparecer antes da hora marcada, né? Apesar de que ele não dá a menor pinta de que isso vá acontecer, não sinto nada diferente, nem uma cólica, nem uma contraçãozinha sequer... assim que o quarto estiver prontinho, posto umas fotos aqui...

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Carta ao Theo

Theo, meu filho,

Você ainda nem nasceu e eu já tenho tanto pra te falar... dizem que somente após o nascimento é que nos damos conta do amor que sentimos por um filho. Então eu me pergunto todos os dias em que lugar do meu coração pode caber ainda mais amor do que eu já sinto por você. Tão desejado e esperado, a notícia de que você existia dentro de mim foi a mais deliciosa das sensações, uma mistura de euforia, alegria, ansiedade. O amor que eu e seu pai sentimos um pelo outro foi concretizado, e você é a prova dele. É o amor em forma de vida. Agora, parada, sentindo você me dar seus chutinhos e se revirando na minha barriga, lembro a todo instante que você está aqui, tão junto de mim, tão cheio de vida!

Eu não sei como vai ser seu rostinho, mas pra mim você já parece um anjo;
Não sei como vai ser sua pele, mas já a sinto tão suave e macia junto ao meu corpo;
Não sei como vai ser sua voz quando começar a falar, mas já te ouço me chamando de mãe com tanto carinho;
Não sei como vai ser seu sorriso, mas farei de tudo para vê-lo em seu rosto por todos os dias de minha vida;
Não sei como vão ser seus olhos, mas quero que brilhem sempre, como brilharam os meus quando soube que você estava a caminho;
Não sei como serão nossos dias, mas sei que os meus terão muito mais graça;
O que sei é que já te amo mais que tudo nessa vida. E que estou te esperando com todo amor do mundo, pode chegar que seu lugar está reservado no meu coração.

Mamãe

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Para refletir





Ser Mãe

Nós estamos sentadas almoçando, quando minha filha casualmente menciona que ela e seu marido estão pensando em ”começar uma família”.

- “Nós estamos fazendo uma pesquisa”, ela diz, meio de brincadeira. “Você acha que eu deveria ter um bebê?”

- “Vai mudar a sua vida”, eu digo, cuidadosamente mantendo meu tom neutro.

- “Eu sei”, ela diz, “nada de dormir até tarde nos finais de semana, nada de férias espontâneas.”

Mas não foi nada disso que eu quis dizer. Eu olho para a minha filha, tentando decidir o que dizer a ela. Eu quero que ela saiba o que ela nunca vai aprender no curso de casais “grávidos”. Eu quero lhe dizer que as feridas físicas de dar à luz irão se curar, mas que tornar-se mãe deixará uma ferida emocional tão exposta que ela estará para sempre vulnerável.

Eu penso em alertá-la que ela nunca mais vai ler um jornal sem se perguntar: “E se tivesse sido o MEU filho?” Que cada acidente de avião, cada incêndio irá lhe assombrar. Que quando ela vir fotos de crianças morrendo de fome, ela se perguntará se algo poderia ser pior do que ver seu filho morrer.

Olho para suas unhas com a manicure impecável, seu terno estiloso e penso que não importa o quão sofisticada ela seja, tornar-se mãe irá reduzí-la ao nível primitivo da ursa que protege seu filhote. Que um grito urgente de “Mãe!” fará com que ela derrube um suflê na sua melhor roupa, sem hesitar nem por um instante.

Eu sinto que deveria avisá-la que não importa quantos anos ela investiu em sua carreira, ela será arrancada dos trilhos profissionais pela maternidade. Ela pode conseguir uma escolinha, mas um belo dia ela entrará numa importante reunião de negócios e pensará no cheiro do seu bebê.

Ela vai ter que usar cada milímetro de sua disciplina para evitar sair correndo para casa, apenas para ter certeza de que o seu bebê está bem.

Eu quero que a minha filha saiba que decisões do dia a dia não mais serão rotina. Que a decisão de um menino de 5 anos de ir ao banheiro masculino ao invés do feminino no McDonald's se tornará um enorme dilema. Que
ali mesmo, em meio às bandejas barulhentas e crianças gritando, questões de independência e gênero serão pensadas contra a possibilidade de que um molestador de crianças possa estar observando no banheiro.

Não importa o quão assertiva ela seja no escritório, ela se questionará constantemente como mãe.

Olhando para minha atraente filha, eu quero assegurá-la de que o peso da gravidez ela perderá eventualmente, mas que ela jamais se sentirá a mesma sobre si mesma. Que a vida dela, hoje tão importante, será de menor valor quando ela tiver um filho. Que ela a daria num segundo para salvar sua cria, mas que ela também começará a desejar por mais anos de vida -- não para realizar seus próprios sonhos, mas para ver seus filhos realizarem os deles.

Eu quero que ela saiba que a cicatriz de uma cesárea ou estrias se tornarão medalhas de honra.

O relacionamento de minha filha com seu marido irá mudar, mas não da forma como ela pensa. Eu queria que ela entendesse o quanto mais se pode amar um homem que tem cuidado ao passar pomadinhas num bebê ou que nunca hesita em brincar com seu filho. Eu acho que ela deveria saber que ela se apaixonará por ele novamente por razões que hoje ela acharia nada românticas.

Eu gostaria que minha filha pudesse perceber a conexão que ela sentirá com as mulheres que através da história tentaram acabar com as guerras, o preconceito e com os motoristas bêbados.

Eu espero que ela possa entender porque eu posso pensar racionalmente sobre a maioria das coisas, mas que eu me torno temporariamente insana quando eu discuto a ameaça da guerra nuclear para o futuro de meus filhos.

Eu quero descrever para minha filha a enorme emoção de ver seu filho aprender a andar de bicicleta. Eu quero mostrar a ela a gargalhada gostosa de um bebê que está tocando o pelo macio de um cachorro ou gato pela primeira vez. Eu quero que ela prove a alegria que é tão real que chega a doer.

O olhar de estranheza da minha filha me faz perceber que tenho lágrimas nos olhos.

- “Você jamais se arrependerá”, digo finalmente. Então estico minha mão sobre a mesa, aperto a mão da minha filha e faço uma prece silenciosa por ela, e por mim, e por todas as mulheres meramente mortais, que encontraram em seu caminho este que é o mais maravilhoso dos chamados. Este presente abençoado de Deus... que é ser Mãe.